C: Nos filmes indianos há tipos variados de heroínas. Há aquelas cheias de glamour que estão no filme mais para serem bonitas do que qualquer coisa, as doces (às vezes apáticas) que precisam do mocinho para tudo, as independentes modernas que se viram sozinhas.
Hoje vamos falar de um tipo que inunda alguns filmes. Ela pode ser muito irritante ou conquistar o seu coração nos primeiros minutos (e se você for uma pessoa estranha, as duas coisas). Tem um jeito falante e nada reservado, faz o herói carrancudo voltar a sorrir e ver o mundo com mais cores. É aquela heroína cheia de vida, conhecem? Sem ela, os clipes do filme não tem graça! Vamos lembrar de algumas? O critério usado não é ser apenas feliz: elas tem que ter feito o herói ranzinza encontrar a felicidade. Se vocês conseguirem lembrar de mais alguma, compartilhem conosco!
Nossa, quanta breguice para um dia só.
- Khushi (Rani Mukerji em Chori Chori, 2003)
C: A Khushi levou alegria (
"Khushi" significa alegria, pegou?) à vida do sério Ranbir (Ajay Devgan) — e também à minha — com todos aqueles sorrisos e pulos pelos campos. Ela é exatamente a descrição de menina feliz da introdução, não há muito o que acrescentar. Khushi e Ranbir vivem um falso noivado que (olha a surpresa!) acaba se tornando um amor de verdade.
Seria uma personagem fácil de irritar, mas a Rani Mukerji consegue fazer mágica e a transformou em um ser adorável (e engraçado). Talvez porque ela não grite muito, apenas seu modo de falar que é animado. E o sorriso, claro. Aquele sorriso enorme e brilhante da Rani preenchendo a tela é algo bom demais de se ver. Como sou tão apaixonada pela Rani quanto pelo filme, decidam se minha opinião merece crédito. Khushi não tem família e sonha em ter uma, e os olhos sonhadores e vivos da Rani me fizeram torcer muito para que conseguisse tê-la. Adorei como ela conquistou a família do Ranbir sem necessariamente mudá-la — eles já eram legais daquele jeito. Khushi cativa as pessoas por onde quer que passe, trata bem a todos...é exatamente a heroína cheia de vida. Além disto, a química com o Ajay está incrível e ficou ainda melhor por tudo acontecer em Shimla, lugar que adoro ver em filmes. Shimla me faz suspirar.
Encha sua vida de Khushi!
Parei, gente.
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Shimlaaaa! |
- Geet (Kareena Kapoor em Jab We Met, 2007)
C: Essa é complexa. No começo a detestei porque ela não calava a boca e não deixava o pobre do Aditya (Shahid Kapoor) pensar na sua infelicidade após ter sido deixado pela mulher que amava. É muito perigoso não gostar da heroína cheia de vida por ela ser tagarela, já que esta é sua característica mais forte. Porém, a Kareena conseguiu me ganhar quando Geet e Aditya estavam no trem e as cenas iam mostrando flashes dela falando sem parar enquanto o pobre Aditya fazia cara de “matem-me, por favor”. Tive que rir. Além disto, Geet não tem medo de arriscar. Bem diferente de mim, mas gosto disto.
I: Ainda a acho uma personagem irritante, mas acho que é toda essa loucura, essa forma despojada de ser e extremamente espontânea que fez com que nosso Shahidinho se apaixonasse. E o melhor tipo de amor: aquele que não se descobre de cara, aquele que vem na forma de uma surpresa.
C: O mais legal da Geet é que ela ensina o Aditya a sorrir (este post terá muitos clichês), só que chega um momento em que a tristeza a toma de tal forma que nem ela mais consegue sorrir. Aí, é ele quem a resgata. Este lado humano do “às vezes a vida pode ficar pesada demais até para mim” permite que o público se conecte mais à personagem. Não, estou errada. O mais legal da Geet não é o que faz pelo Aditya, mas a força para lutar pelo que quer. Dando no que desse, foi lá e se jogou no seu sonho de casar com um carinha lá do qual gostava. Ter conhecido o Aditya no meio disto foi bônus...
- Anjali (Kajol em Kabhi Khushi Kabhie Gham, 2001)
C: Mal lembro deste filme que me esforço para apagar da minha mente e muito menos dessa tal Anjali, mas o recordo me faz achá-la irritante, gritalhona, chata, merecedora de um tapa. Ela tinha uma vozinha tão irritante, e aqueles gritinhos estridentes...credo! Pelo pouco que lembro também, ela foi seguindo o que o personagem do Shahrukh Khan decidia.
K3G me irita tanto!
Kajol, ainda te amo.
I: Anjali, Anjali! Sou muito suspeita para falar porque adoro a Kajol e gosto de K3G. Eu tampouco consigo me lembrar perfeitamente da personagem ou do filme, mas lembro que gostei. Uma das coisas que ocorre ao longo do filme é que a Anjali vai adquirindo uma certa maturidade, desde o momento em que se apaixona até o que isso a faz passar na história. Gosto muito dessa personagem. E, claro, SRK dil se.
C: Para mim, essa tal maturidade não veio na forma de alguma atitude nova, mas sim por meio de menos gritos (quando ela ficou mais velha). Acho que poderiam ter abordado isto de um modo mais profundo. Sabe o que também acho? Que precisamos rever esta bombinha karanjoharíca!
- Anokhi (Konkona Sem Sharma em Aaja Nachle, 2007)
C: A moça desleixada fazia de tudo para chamar a atenção de Imran (Kunal Kapoor), que se importava com ela tanto quanto me importo com o Harman Baweja. Como tive de procurar a Wikipedia para lembrar o nome dele, entendam o nível de interesse do Imran.
I: Harman Baweja: nascido no dia 13 de novembro de 1980, também conhecido como Wannabe Hrithik Roshan, tornou-se de certa forma famoso por ter interpretado Yogesh em
What's Your Rashee?, um filme que Isa tão carinhosamente legendou.
C: A Konkona é uma atriz que costumo ver mais em papéis sérios, mas a Anokhi foi o primeiro dela que vi. Até hoje fico encantada ao lembrar como se entregou àquela personagem louca. A Anokhi não tinha medo de brincar (e brigar!) com os meninos como se fosse um deles e seu jeito bruto não agradava ao chatíssimo Imran. Apesar de o clima “patinho feio torna-se cisne” que deram à situação não me agradar tanto, acho que o que mudou nela para que conquistasse o Imran foi ter passado a ser um pouco menos invasiva. Hum...reflito agora se a heroína cheia de vida perdeu um pouco do brilho. Será que merecia mesmo estar neste post? Bem, façamos um brinde à Anokhi pré-transformação.
I: Exatamente. Conclusão: seja irritante, mas, para conquistar seu homem, torne-se um pouco mais parecida com os moldes de mulher aceitável socialmente.
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C: Eu ri.
- Kalpana (Asin em Ghajini, 2008)
C: Tá aí uma que me irritou, mas juntamente com a Geet de Jab We Met, é um dos exemplos mais claros e clássicos do tipo de heroína que estamos tentando relembrar aqui. Ela grita e fala sem parar. Sem parar. Sem-parar. Mudou não só o humor do seríssimo empresário Sanjay (Aamir Khan), mas até mesmo o modo como ele tratava as pessoas e encarava a vida. Bom, ao menos serviu para isto. Alguém lembra mais dela? Prestei pouca atenção a
Ghajini.
Conclusão: não gosto meio gostando.
- Vaijanti (Juhi Chawla em Hum Hain Rahi Pyar Ke, 1993)
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"Vesga? São seus olhos!" |
C: Amo olhar para a Juhi Chawla desde a primeira vez, então é difícil uma personagem super alegre dela me incomodar. Uma das coisas que mais diferencia a Vaijanti das outras desta postagem é que ela teve de alegrar a vida não só do herói, mas também dos três sobrinhos dele! O Rahul (Aamir Khan) não estava conseguindo criar bem os sobrinhos, que haviam acabado de perder os pais. Vaijanti chegou e mostrou que ele deveria tentar entender os sentimentos das crianças. A Juhi parecia uma das crianças, há uma cena rápida em que elas comemoram o fato de terem enganado o Rahul e ela pulando é tão bonitinho!
Além do fato de ser fofinha/lindinha, um fato sobre a Vaijanti não pode ser esquecido: fugiu de casa para não ser obrigada pelo pai a se casar com um dançarino estranho. A Carol gosta de mocinhas fugindo da tradição para encontrar a felicidade?
Siiiiiiiiiiim!
A Vaijanti fez o Rahul ser tão animado quanto ela. HHRPK é quase um filme infantil, me faz sorrir muito!
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Este filme é o cúmulo da fofura! |
- Veera (Rani Mukerji em Dil Bole Hadippa! , 2009)
C: Ela se vestiu de homem para jogar críquete. Isto já diz muito! Apesar de o filme não ser muito profundo ao mostrar como isto se deu, a Veera conseguiu fazer o Rohan (Shahid Kapoor) ser menos fechado e curtir o clima do Punjab. Foi rápido, foi bobo, mas...ah, é a Rani.
I: E aí está uma que não mudou o jeito em nada para conquistar seu homem mal-humorado (e põe mal-humorado nisso, hein, Shashá?). Essa é uma das personagens mais cativantes da Rani na minha opinião. Adorável.
C: SHASHÁ HAHAHAHAHAHAHAHHAHAA
C: Off: as cores deste filme são tão lindas!
- Geeta (Hema Malini em Seeta Aur Geeta, 1972)
C: Já falamos sobre
Seeta Aur Geeta aqui no KK-B, mas não custa nada relembrar coisas boas. O que diferencia a Geeta das outras heroínas citadas é o fato de ela não ter mudado em grande coisa a vida do herói-cujo-nome-esqueci (Sanjeev Kumar), mas conduziu uma transformação completa numa casa onde injustiças aconteciam a todo momento. Ou seja, ela não tinha apenas alegria, mas senso de justiça e força para mudar o que considerava errado. Adoro muito esta personagem e a Sra. Hema Malini. Mais ainda, adoro filmes baseados em mulheres... especialmente quando nem todas estão se sacrificando!
I: Ainda mais se formos nos lembrar da cara de paisagem que era sua irmã gêmea, Seeta.
- Simran (Anushka Sharma em Patiala House, 2011)
C: Outra falastrona, mas Anushka pode falar o que e o quanto quiser, já que tem toda a moral comigo. De todos os heróis deste post, acredito que o Gattu (Akshay Kumar) seja o mais infeliz. Sendo assim, a Simran teve mais trabalho que as outras. E assim como gostei da "força" de algumas outras, também gostei da história da Simran, que mesmo muito nova, praticamente adotou um garotinho abandonado pela mãe e não hesitou em cuidar bem dele mesmo enfrentando os olhares acusadores das indianas fofoqueiras.
O diferencial da Simran é que não foram apenas seu sorriso e o jeito feliz de ver a vida que mudaram o Gattu, mas o uso que ela fez dessas ferramentas para instigá-lo a correr atrás de seus sonhos. Às vezes não basta mudar apenas o pensamento, temos de começar com o ambiente. Incentivando o Gattu a realizar seu sonho de jogar críquete e envolvendo a família dele no plano para que isto fosse possível, ela deu o primeiro passo para que ele voltasse a sorrir — e ainda bem o que fez, pois me parte o coração ver o Akshay sofrendo.
No fim, quem teve de ir lá encarar a vida foi ele e gostei muito disto.
- Geeta (Rani Mukerji em Thoda Pyaar Thoda Magic, 2008)
C: Rani, você é a rainha das mocinhas alegres?
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Não vale rir, gente! |
C: Mais uma personagem que mudou a vida de um homem e das criancinhas das quais ele cuidava. Vocês podem ler mais detalhadamente sobre o filme no
post que escrevemos , mas um fator é determinante para diferenciar a Geeta da Vaijanti do HHRPK: ela era um anjo. Não um anjo do tipo "um doce de menina, um anjo", mas um
anjo do tipo "moro no céu e converso com Deus"( sempre vou fazer piadinha com o fato de o Rishi Kapoor ser Deus, já que faz sentido na minha vida). Ela utilizou mágica para consertar as coisas, o que sempre rende uns momentos engraçadinhos (e me faz lembrar de
Matilda). Todos já sabemos que ela mudou a vida do herói (Saif Ali Khan) e blá blá blá, então nos atenhamos ao fato de a Rani e o Saif terem uma bela química.
I: *suspira* Esse é um dos filmes que eu paro pra reassistir frequentemente e suspirar mais um pouco, seja por causa da dose de fofura extrema, pelas cenas engraçadinhas ou pela química do casal. Sem contar que as coisas que ela faz ao longo do filme são ótimas também.
Fazer este post me fez chegar a uma conclusão. Já existiram todas essas mocinhas felizes e contentes, um tanto malucas, mas todas elas em algum momento perdem um pouco da essência que cativou o mocinho e a nós mesmos, justamente no momento em que se apaixona ou descobre apaixonada, ou quando o casal começa a dar certo (e vêm os problemas). Algo morre, esmaece talvez? Elas se tornam mais sérias, choram e perdem aquela inesgotável loucura. E no final há o esboço da mulher tradicional de sempre. O amor é uma dor, não é mesmo?
C: Não acho que elas percam algo da "essência", só adaptam o jeito que sempre tiveram a novas circunstâncias (não dá para sorrir e pular o tempo todo). E não é assim com todas! A única que mudou muito foi a Anokhi, mas as outras ainda eram as mesmas...não exatamente as mesmas já que tanto mudou em suas vidas, mas não ficam mais tristes.
I: A linda pluralidade do ser.
E encerramos o post dizendo que somos como essas mocinhas: inteligentes, felizes, saltitantes e irritantes (Ouço a risada sarcástica da Carol ao longe? Por quê?)