C: Uma das maiores bilheterias indianas de 2003, Kal Ho Naa Ho é um filme que tem um significado emocional muito grande para mim: além de ser meu filme favorito, foi meu primeiro filme indiano. É devido a ele que ainda mantenho um carinho enorme pelo diretor Nikhil Advani, mesmo com as grandes decepções que ele me trouxe depois (estou falando com você mesmo, Salaam-E-Ishq). No elenco estão Shahrukh Khan (meninas gritam), Preity Zinta, Saif Ali Khan e Jaya Bachchan.
I: Eu, por outro lado, já peguei Kal Ho Naa Ho numa altura mais avançada da história. Já havia passado por Devdas, Asoka, Mangal Pandey e etc. Já estava mais ao clima do cinema indiano. E o filme me caiu como uma luva no quesito “este irá me impressionar”. Para contradizer a Carol e ser feliz, devo dizer que esse diretor não me decepcionou nem em Salaam-E-Ishq.
A-le-gri-a |
I: Para as shahrukhetes de plantão e as que estão por surgir, este é o seu filme. Shahrukh em close, Shahrukh em pose, Shahrukh lindo e pintoso como sempre. E, para as que, como eu, também admiram o nosso Barbie-man Saif Ali Khan irão gostar muito dele nesse filme – idiota, como sempre, porém fofo. E Preity Zinta está ok: trezentas vezes melhor do que em vários outros papéis interpretados por ela por aí.
C: Se há um filme em que o potencial absurdamente dramático de Shahrukh Khan é explorado, é este. Lágrimas intensas, declarações de amor e sacrifícios vão nos conduzindo por todo o filme, e apesar de ficar óbvio até demais que o objetivo é nos fazer chorar, isto não diminui o impacto dele sobre nós. O que causa mais este impacto é a diferença entre as duas partes do filme: enquanto a primeira metade é engraçada com um pouco de romance aqui e ali, a segunda é dramática a ponto de ter nos destruído e refeito várias vezes. É aí que KHNH é mais especial: ele é um daqueles filmes indianos que aproveitam a duração enorme que tem para fazer com que nos apeguemos aos personagens. A primeira metade foi para que conhecêssemos o dia-a-dia deles, suas personalidades, seus sonhos e medos. Não é um filme que sai te apresentando às pessoas e aos seus dramas de uma vez e diz “TOMA, AGORA LIDE COM ISSO”. KHNH nos faz amar todas aquelas existências que estão ali na tela, e então diz: “Agora que eles fazem parte de você e que você os ama, esteja pronto para sofrer junto com eles”. E sofri, galera. Muito.
Os personagens são bastante caricatos, mas ainda consegui senti-los reais. Às vezes dá vontade de bater no Aman, mas não conseguia olhá-lo sem carinho, sem vontade de que tudo no mundo desse certo para ele. Se houve alguém que humanizou a Naina, foi ele. Uma coisa de que gostei muito foi o fato de ele ter visto a fragilidade da Naina, mas tê-la atribuído à falta que ela sentia do pai, e não à alguma falta de homem um príncipe encantado que a salvaria. Se tem uma coisa que detesto, é filme em que o cara chega e fica “Você é assim, assim e assado porque não me conhecia”...argh! No julgamento que fez de Naina, Aman levou em consideração o histórico de vida dela, suas experiências. A parte ruim dele foi ter decidido sozinho que o melhor para ela seria se apaixonar por Rohit e PONTO, mas às vezes as pessoas que amamos podem ser muito mandonas quando tentam fazer coisas que acreditam que nos farão felizes. O Sr. Perfeição tinha defeitos também.
A Naina de Preity Zinta não é uma personagem tão marcante se não houver motivos pessoais para tanto. Comigo, este foi o fato de ser meu primeiro filme indiano e blá blá blá, mas só isso. Mas isso não quer dizer que a Preity decepcione, jamais. É que o filme é muito centrado no Aman, mesmo que a vida seja dela. De todo modo, ela consegue fazer sofrer. Pobre Naina. Aman deveria ter sido mais sincero com a menina, nos filmes indianos sempre tem essa coisa de o cara decidir sobre o destino da mocinha. Linda mesmo foi a Jaya Bachchan. Aparecia por poucos minutos e roubava a cena com sua Jenny sempre tão boa, dedicada e triste. Neste filme há um grande respeito pela figura materna e pela instituição familiar.
I: A despeito de qualquer obviedade, acontece uma emoção muito forte no nosso íntimo. É uma história cheia de emoções; e eu diria que a trilha sonora passa bem esse sentido. Amena quando é para ser amena e tocante quando é para ser tocante. Eu particularmente me emociono muitíssimo ouvindo a música-título do filme, Kal Ho Naa Ho, cuja letra, se vocês tiverem oportunidade de ler a tradução, é sensacional. Eu ouço a música e as lágrimas juntas à lembrança da sensação do filme me vêm ao mesmo tempo. A trilha do filme é do trio Shankar-Ehsaan-Loy (S-E-L).
C: Linda também é Maahi Ve, mais ainda com o vídeo: colorido, mágico, faz chorar, emocionante. É cantada por algum dos nossos favoritos: Udit Narayan, Sonu Nigam, Shankar Mahadevan e Sujata Bhattacharya. No clipe há duas participações muito curtas e especiais: Kajol e Rani Mukerji. Também há a versão triste da canção-título, Kal Ho Naa Ho (Sad), cantada por Alka Yagnik, Richa Sharma e Sonu Nigam...prefiro não falar/pensar muito nela, sou capaz de começar a chorar aqui. Faz parte de um momento muito especial do filme.
"Indicado" é pouco para KHNH. Indicamos, mandamos, obrigamos a assistir. Certamente não é um filme que agradará a todos, mas é fácil se apaixonar por ele. A minha dica para quem vê KHNH é: deixe-se levar, permita-se sentir. Amo esse cinema comercial que faz de tudo para brincar com as minhas emoções — e que acaba conseguindo. Este filme é para o coração, onde o mantenho até hoje. E eu te amo neste filme, Shahrukh Khan... você é o eterno Raj de muitos, mas é o meu eterno Aman Mathur.